A
proposta é apresentar obras que surgem a partir das coisas que ocupam os
espaços na cidade onde moro, como casarões, construções, demolições, carros
abandonados, etc. Com essas referências, repensar a ocupação dessas coisas no
suporte da pintura, criando assim a série “ocupação”, que são pinturas de
fragmentos das coisas em sombras coloridas em tons cinza, trazendo a produção
novos significados ao referenciar a figura objeto da pesquisa.
A
cidade e suas coisas contam suas histórias e integram o cenário urbano. Ao
trazer para o papel ou tecido, as pinturas das referências interpretadas em
sombras, tem como objetivo pensar a ocupação dos espaços, da realidade real à
pictórica. Nesse processo, existe a busca da resignificação de questões como a
utilização da pintura como suporte para dizer as coisas do artista, a forma de
representação figurativa, o formato das coisas e como elas ocupam o espaço e o
processo de fragmentar a imagem para a dúbia interpretação onde, tanto pode
atentar para os detalhes da coisa representada como pode por dissolvê-la.
Nesse
jogo de interpretar as ocupações urbanas para as ocupações pictóricas, penso no
papel do artista, que pode dizer coisas com sua arte, mas que no todo do
processo, que finaliza com a exposição da obra, a subjetividade do expectador
podem surgir novas interpretações e significados. E esse jogo se reinicia a
cada nova exposição, a cada novo olhar, fazendo a obra um objeto que “vive”,
assim como a cidade e suas ocupações urbanas.
Kleber Marcellino, sem titulo, 2015, 30 x 80 cm, tinta acrilica sobre tecido tela
Kleber Marcellino, sem titulo VII, 2015, 21 x 29 cm, tinta aquarela sobre papel
Kleber Marcellino, sem titulo I, 2015, 21 x 29 cm, tinta aquarela sobre papel
Kleber Marcellino, sem titulo IX, 2015, 21 x 29 cm, tinta aquarela sobre papel
A série demolição deu origem a série ocupação. Demolição foi produzida em 2014 a partir de imagens referentes são fotos encontradas no
facebook de moradores que registraram as etapas da demolição do casarão de 100 anos
localizado no centro de Tremembé. Ao recriar o prédio inteiro no papel, decidi
por fazer a leitura como uma grande sombra, pintando em único tom de cinza. Ao
rasgar o trabalho, por desagradar o resultado final e observar um pedaço jogado
na lixeira, começo a refazer a série, primeiro, recortando digitalmente a
imagem, e posteriormente pintando sobre papel em tons de cinza esses fragmentos. O processo
de repetir o tipo de papel, da imagem no centro, dos tons, serve para reforçar
a leitura de continuidade do trabalho.
Todos os trabalho da série foram feitas sobre papel 21 x 29 cm, 2014, utilizando tintas Pva, tempera e acrilica.